CREDOBATISMO OU PEDOBATISMO?
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
Há nas tradições cristãs um grande debate sobre o ritual do batismo nas nas águas. Algumas delas apontam a necessidade de se batizar a criança logo após o seu nascimento, porquanto esta nasceu em pecado e precisaria de algum modo passar pela liturgia do batismo. Apontam que o batismo é o sinal do pacto da nova aliança em substituição ao pacto de Abraão por meio da circuncisão. Esse modelo de batismo ficou conhecido como pedobatismo, ou batismo infantil. Outras tradições, por sua vez, acreditam que o batismo é um ato que exige do cristão a compreensão exata do rito pelo qual se pretende passar. Segundo esse entendimento, para se batizar é necessário haver a confissão de fé, conforme disposta pelo Senhor Jesus na sua grande comissão: “Quem crer e for batizado será salvo; porém quem não crer será condenado” (Marcos 16:16). Esse modelo de batismo ficou conhecido como credobatismo.
Vários grupos cristãos e evangélicos têm o ritual do batismo como um sacramento, e, para eles, este é o elemento indispensável à salvação, de tal modo que se o indivíduo não passar pelo o ritual do batismo, já estaria condenado. Existe, inclusive, uma ideia equivocada de que Deus aplica o seu poder regenerador no momento do ato do batismo. Na verdade, o Batismo substituiu a circuncisão que era um rito de passagem na tradição judaica. Esse ritual, mesmo após a instituição da igreja, permeou o coração dos apóstolos que queriam circuncidar os que se convertiam a Cristo. Para resolver a controvérsia, foi necessário convocar um concílio o qual foi realizado em Jerusalém. Ali ficou assentado, de uma vez por todas, que não havia necessidade do rito da circuncisão para fazer parte da igreja.
“Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá”. Atos 15:28,29.
Biblicamente é importante destacar que o batismo nas águas não é uma condição para salvação, mas uma consequência dela. Não existe uma virtude sobrenatural na água ou na mão do celebrante na hora do cerimonial do batismo. Trata-se de um ritual público no qual há confissão pública de fé em Cristo dos novos membros da igreja invisível. Aliás, o apóstolo Paulo, na sua carta aos Romanos, quando questionado sobre a necessidade da observância da circuncisão, apontou que a circuncisão que vale é a do interior, feita no coração e no espírito, que provém de Deus, e não de ritual externo. O mesmo deve se aplicar ao batismo. .
Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. Romanos 2:28,29.
Por outro lado, fica evidente que o cristão que não almeja se batizar descumpre uma ordenança do próprio Cristo na sua grande comissão. É muito comum cristão nominal sempre adiar a decisão de se batizar na águas. Sempre apresenta uma desculpa dizendo, ou que não estão preparados, ou até mesmo não se batiza porque sabe que terá de cumprir deveres com a sua igreja local. Tal atitude demonstra que essa pessoa ainda não compreendeu o real significado de fazer a confissão pública de fé diante dos homens.
Quanto à idade para se batizar, a prática dos primeiros cristãos sugere que é necessário um ato de fé pelo batizando. O próprio Cristo e os seus discípulos foram batizados por João Batista quando já adultos. Nos textos bíblicos, sempre há uma ideia de que é necessário haver arrependimento antes de se batizar. Em Atos 2, a multidão, após ouvir a mensagem evangelística de Pedro perguntaram: “Que faremos, homens irmãos?”. Ao que Pedro respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para Perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo” Atos 2:37-38. Seria então o pedobatismo uma prática antibíblica? Sobre esse assunto e as bases bíblicas que fundamentam os dois modelos de batismos, falaremos em uma próxima coluna. Não percam!