Simão, o mágico, e os perigos do autoengano

Examine-se o homem a si mesmo (…) 1 Coríntios 11:28

Não são poucas as pessoas que abraçam a fé cristã por motivações erradas. A história de Simão, o ex-mágico de Samaria, serve-nos de alerta para não cairmos nos perigos do autoengano, que consiste em abraçar a fé evangélica com objetivos diversos do Reino de Deus e do Senhor Jesus Cristo. Infelizmente, muitas pessoas atualmente se dizem cristãs evangélicas, mas nada nelas evidenciam a presença de Cristo, pelo contrário, a postura delas tem certa semelhança com a postura do mágico de Samaria.

O Evangelho em Samaria

Após uma grande perseguição contra a igreja de Jesus em Jerusalém, os discípulos foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria. O livro de Atos no capítulo 8 vai narrar que aonde eles chegavam anunciavam a palavra de Cristo e o evangelho do reino dos céus. O texto bíblico vai dizer que o evangelista Filipe anunciava o evangelho de Cristo com muita autoridade, e as multidões fixavam na mensagem dele ouvindo e vendo os sinais que ele realizava.

A chegada do evangelho em Samaria era mais um cumprimento do propósito de Cristo narrado em Atos 1:8, que previa a missão da igreja após a vinda do Espírito Santo. O propósito de Deus era que o evangelho fosse proclamado em todo os lugares da terra, a começar por Jerusalém, Judéia e Samaria. Em Cristo não há distinção de etnias, raça, cor, nação e posição social. Paulo escreve dizendo que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo:

Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Romanos 10:12,13

Quem era Simão?

O texto de Atos narra que Simão era um homem muito influente em Samaria. Ele praticava a arte mágica e, por meio de suas técnicas, iludia o povo daquela cidade que pensava que suas práticas estavam ligadas ao poder de Deus. Inclusive o próprio apelido de Simão tinha ligação ao suposto poder sobrenatural que ele detinha. Todos o chamavam de o “Grande Poder”, tal era a influência desse homem naquele lugar. Ele era uma espécie de “guru” espiritual que se utilizava do engano para iludir as pessoas. Hoje não são poucas pessoas que se autointitulam “representantes” de Deus. Não passam de gurus modernos que visam enganar as pessoas incautas. Tenha cuidado com essas pessoas que se autoproclamam profetas, principalmente se exigem uma contrapartida por isso.

A Descida do Espírito Santo em Samaria

Muitas pessoas deram créditos ao que Filipe dizia e abraçavam a fé, sendo após isso batizados nas águas. O próprio Simão foi batizado após ouvir a mensagem de Felipe. Ele então passou a acompanhar de perto o evangelista, observando extasiado os sinais e os grandes milagres praticados por ele.

Os apóstolos, quando souberam que em Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Quando chegaram lá, a primeira coisa que eles fizeram foi orar para que eles recebessem o Espírito Santo, porque até então sobre eles ainda não havia descido o dom de Deus. O texto diz que eles só tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Assim, ao impor-lhes as mãos receberam o Espírito Santo.

Os Perigos do Autoengano

Simão, o ex-guru, quando viu que o Espírito Santo descia após a imposição de mão dos apóstolos, ofereceu dinheiro ao apóstolo Pedro e João propondo que eles também lhes concedessem esse poder para que ele pudesse realizar a mesma coisa que eles faziam. Tudo indica que o Simão abraçou o novo movimento de fé, porque tinha interesse em auferir lucros com a nova religião. Só se esqueceu que os apóstolos não estavam ali preocupados com as riquezas dessa terra.

Como Simão muitos hoje são simpatizantes da fé. Gostam das mensagens e chegam até a se batizar nas águas, mas não tiveram a vida verdadeiramente regeneradas pelo Espírito Santo. Suas motivações não estão focadas no reino de Deus, mas naquilo que o evangelho lhes pode proporcionar de bem-estar. Nesse grupo, infelizmente, existem muitos líderes que, tal qual o Simão, fazem negócios do evangelho, trazendo sobre si eterna condenação. Sobre esses, o juízo de Deus será mais severo.

E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. 2 Pedro 2:1-3

Por outro lado, há também aqueles simpatizantes do evangelho que não querem auferir lucros com evangelho, mas também não querem ter uma vida controlada pelo Espírito Santo. São meros espectadores na comunidade. Eles até se batizam, mas não tiveram a experiência da regeneração. São como as virgens imprudentes de Mateus 25:3. Pensam que por fazerem parte de uma agremiação religiosa isso já seria suficiente para os fazem aptos ao reino dos céus. São pessoas autoengadas que a Bíblia vai chamar de “joio no meio do trigo”. Esses serão separados quando da colheita final. O trigo separado para o celeiro e o joio para ser queimado no fogo.

Os perigos do autoengano não se restringem apenas na sua vida diária, mas também no seu destino eterno. Muitos buscam uma igreja para encontrar solução de seus problemas sociais, emocionais e financeiros. Simão enxergou no dom do Espírito Santo um caminho para continuar o seu engano. Porém ele foi duramente repreendido pelos apóstolos que declararam que ele não poderia fazer parte daquele ministério, uma vez que o coração dele não era reto diante de Deus. O Senhor está a procura de verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade.

Simão e o Abandono da Comunidade de Fé

A história da Igreja vai relatar que esse mesmo personagem abandonou a fé Cristã e se tornou um dos líderes da seita do gnosticismo. Tudo indica que ele nunca teve um encontro real com Deus, mas apenas se tornou um “simpatizante” do evangelho. Vendo que suas mentiras não iriam florecer no meio dos apóstolos, ele buscou seus próprios caminhos e abraçou a heresia gnóstica, seita essa, inclusive, que chegou a negar os fundamentos da fé Cristã, tais como a morte e a ressurreição de Cristo. Esse pensamento foi fortemente combatido pelos apóstolos nas suas epístolas. Assim são muitos hoje que frequentam os templos religiosos. Quando se deparam com a mensagem da renúncia e do amor ao próximo, logo reconhecem que essa mensagem não é para eles. Se você está entre esses, o conselho da Palavra de Deus continua o mesmo: “Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração” (Atos 8:22).

Deus te abençoe!

Me. Francirley Oliveira

1 comentários em “Simão, o mágico, e os perigos do autoengano

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *