A Justiça do Reino de Deus
Hoje, 29 de setembro de 2024, tive a honra de ministrar sobre um tema que tem falado profundamente ao meu coração: “Princípios da Justiça do Reino de Deus”, com base em Mateus 20:1-15. Ao meditar nesse texto, fui levado a refletir sobre a graça e a misericórdia de Deus, temas que, como seguidores de Cristo, precisamos entender em toda sua profundidade. A palavra de Romanos 6:23 ecoou em minha mente: todos pecamos, mas Sua misericórdia nos alcança, não por merecimento, mas por Sua vontade soberana.
Nesta passagem, vemos Jesus em Pereia, no final de Seu ministério terreno, próximo ao rio Jordão, oposto a Jericó. Ele nos conta a parábola do “proprietário” – ou como o texto grego diz, oiko-despotes, o Senhor da casa. Este homem tinha total autoridade sobre suas posses, e sua vinha era um símbolo de grande influência e riqueza. Em Israel, as planícies eram reservadas para o cultivo de trigo e gado, enquanto as colinas abrigavam as vinhas. Era uma visão comum ver essas videiras plantadas na primavera e colhidas no verão, um ciclo de prosperidade e sustento.
Nessa parábola, o proprietário sai para contratar trabalhadores às seis da manhã, iniciando um dia de doze horas de trabalho árduo. O pagamento oferecido era um denário, a moeda de prata romana, valor correspondente a um dia de serviço. No entanto, o que me chamou atenção foi o fato de que ele não parou por aí. Às nove da manhã, ao meio-dia, às três da tarde e até às cinco da tarde, ele voltou para buscar mais trabalhadores que ainda estavam sem emprego.
Ao fim do dia, veio a pergunta inevitável: “Isso é justo?”. Como sabemos, o proprietário pagou o mesmo valor a todos os trabalhadores, independentemente da hora em que começaram. Nos versículos 13-15, ele questiona se há algo errado em sua generosidade. Essa é a essência da lição que Jesus nos ensina aqui: a inveja é uma marca da nossa natureza caída. Como seres humanos, muitas vezes somos rápidos em julgar o que é justo ou injusto com base em nossos próprios méritos. Mas a verdade é que todos somos indignos da graça de Deus.
Nesta parábola, vejo claramente que o proprietário representa Deus, a vinha simboliza o Seu Reino, e os trabalhadores somos nós, os fiéis. Nosso “dia de trabalho” é nossa vida, e a “noite” que se aproxima é a eternidade. Jesus Cristo, nosso Salvador, é o administrador que cuida de nós e o denário que recebemos simboliza a vida eterna.
Essa mensagem é para cada um de nós que buscamos seguir a Cristo. Não importa há quanto tempo estamos na fé ou quanto já trabalhamos em Seu Reino – o que importa é que, por meio da graça de Deus, todos recebemos o mesmo presente: a vida eterna. O perdão não está condicionado às nossas boas obras ou ao nosso esforço; ele é um dom gratuito de Deus para todos que aceitam Seu chamado.
Refleti sobre a conversa que Jesus teve com o jovem rico, registrada em Mateus 19. Esse jovem perguntou a Jesus o que deveria fazer para herdar a vida eterna. Após declarar que havia obedecido à lei, Jesus o desafiou a vender tudo o que tinha, doar aos pobres e segui-Lo. O que faltava ao jovem não era conhecimento ou cumprimento da lei, mas a disposição de abrir mão de sua autossuficiência para depender completamente de Deus.
Em seguida, Pedro, como sempre direto, perguntou a Jesus sobre o que os discípulos ganhariam, já que eles foram os primeiros a segui-Lo. Jesus lhes assegurou que aqueles que deixassem tudo por amor a Ele teriam uma recompensa garantida. Isso me fez pensar em como, muitas vezes, medimos nossa jornada cristã com base no tempo ou nas obras que realizamos. Mas Jesus nos lembra que o Reino de Deus não funciona dessa maneira. Ele nos oferece, pela graça, muito mais do que poderíamos conquistar por nós mesmos.
Os princípios que extraí dessa parábola são profundos e poderosos. A salvação não é algo que possamos merecer. A vida eterna é um presente da graça soberana de Deus. Ele continua a chamar trabalhadores para Sua vinha, independentemente do tempo ou das circunstâncias. Deus cumpre Suas promessas e, por mais que tentemos entender Seu plano, Sua generosidade sempre nos surpreende.
Que possamos, como comunidade, celebrar essa graça todos os dias e sermos fiéis em nosso chamado. Afinal, a obra de Deus continua, e enquanto é dia, ainda há muito a fazer.