Cuidado com o Culto Falso
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amem. Romanos 11:36
Se há algo que Deus dedica toda atenção são os assuntos referentes à sua adoração. A Bíblia diz que Deus criou todas as coisas para louvor da sua glória, inclusive o homem foi formado conforme à sua imagem e à sua semelhança para refletir a glória do Senhor. Em toda narrativa bíblica, se percebe o zelo que o Senhor tem quando o assunto é adoração. A Escritura é bem clara em dizer que Deus não aceita qualquer tipo de adoração. Na coluna de hoje, eu quero trabalhar com você sobre os perigos de se apresentar um culto falso a Deus. Em duas outras colunas irei trabalhar o conceito de adorar “em Espírito em Verdade” e, por fim, irei refletir se há uma maneira correta de se adorar a Deus no culto público.
Em primeiro lugar, é preciso ficar claro, pelas Escrituras, que Deus só aceita o culto que foi prescrito por ele. Tanto na antiga quanto na nova aliança, foi Deus quem decidiu a maneira correta de como ele queria – e ainda hoje quer – ser adorado. No Antigo Testamento, por exemplo, vemos Deus reprovando a Caim por negligenciar a maneira correta de se aproximar Dele (Gênesis 4.1-3). O texto diz que Deus não atentou para Caim e nem para sua oferta. No versículo 7, Deus censurou Caim e disse-lhe que se ele tivesse bem “disposto” (leia-se postura, maneira correta, proceder bem) (BJ), seu sacrifício seria aceito. Em outras palavras, Caim foi negligente, e por isso foi rejeitado. Ele não sacrificou da maneira que Deus queria. Essa passagem sinaliza que há um critério normativo de como adorar a Deus. A maneira como você adora, por vezes, revela o seu caráter para com Deus.
Essa evidência também pode ser verificada com a saída do povo de Deus da escravidão do Egito. Em Êxodo capítulo 8, vemos Moisés falando a Faraó para que este liberte o povo hebreu para adorar ao Senhor no deserto. O povo de Deus passou por 400 anos no Egito, portanto conheciam muito bem o sistema religioso e politeísta daquele império. Porém, a Bíblia diz que Deus foi cuidadoso em prescrever a maneira que ele queria ser adorado. Deus chama Moisés ao cume do Monte Sinai e apresenta o projeto contendo a forma e o conteúdo para sua adoração. O nível de detalhamento foi tanto que Deus teve que ungir os artistas Bezalei e Aliabe com Espírito de Deus a fim de realizarem o que fora solicitado pelo Senhor (Êxodo 31.1-11).
A adoração é tão levada a sério na Bíblia que Deus reprovava qualquer adoração falsa ou não realizada da maneira indicada por Ele. Na ocasião do Monte Sinai, Arão fez um culto distorcido (Êxodo 32:1-7), para atender o povo que estava ansioso, uma vez que Moisés tardava muito em retornar do alto do monte. Eles pensaram que o seu líder havia morrido lá em cima do Monte Sinai. Ao ver o agitamento do povo, Arão se precipitou e construiu um bezerro de ouro para adoração a Elohim. Interessante aqui que é a mesma palavra hebraica citada em Gênesis 1:1. Porém, mesmo com boas intenções, as consequências foram terríveis, pois Deus proibiu fazer imagens de escultura. O texto diz que a ira de Deus se ascendeu contra o povo (v.10); começaram a aparecer intrigas entres os homens (v.25); e, o mais grave, houve morte no arraial (v.28). Não é diferente hoje, a adoração falsa tem destruído pessoas, e até mesmo igrejas, com muitas intrigas e divisões, ao ponto de muitos já estarem mortos espiritualmente. (1 Coríntios 11:30).
Eu poderia apresentar inúmeros episódios bíblicos que comprovam que há um princípio de Deus em relação ao culto. Por exemplo, temos o caso dos dois sobrinhos de Moisés, filhos de Araão, Nadabe e Abiu (Levítico 10). Apesar da experiência vivida no pé do Monte Sinai, esses dois jovens levitas não se atentaram para a maneira correta de adorar ao Senhor. Eles trouxeram incenso e fogo estranho ao altar do Senhor. O texto é bem claro em dizer que eles fizeram “o que o Senhor não lhes ordenara” (v.1). Muito se especula sobre este “fogo estranho”, porém tudo indica que eles trouxeram algo de fora da tenda, ou seja, aquilo que não era permitido pelo Senhor. Resultado: os dois foram consumidos pela presença de Deus. Trazer elementos estranhos para dentro da casa de Deus pode ser muito perigoso, ainda que haja boa intenção.
Alguns podem estar indagando se esse rigor não era apenas para a antiga aliança. De fato, as leis cerimoniais foram cumpridas em Cristo (Mateus 5:17,18). Mas os princípios de adoração a Deus com seriedade estão em plena vigência. Um exemplo clássico no Novo Testamento é o evento da oferta fraudulenta apresentada por Ananias e Safira (Atos 5:1-10). Este episódio ocorreu após a morte e ressurreição de Cristo. Ele revela a seriedade que é adorar a Deus na comunidade de fé. O casal tentou enganar os apóstolos com uma oferta fraudulenta, porém se esqueceram que era Deus quem estava operando naquele lugar. O ato de ofertar na presença de Deus também revela o seu coração. Muitos têm negligenciado a adoração com suas posses, mas isso também reflete o seu caráter para com Deus.
Você precisa ter muito cuidado com o que irá apresentar na adoração. Nosso Deus continua o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus 13:8). A forma e o conteúdo da sua adoração precisam estar em consonância com a vontade de Deus. A maneira segura de se conhecer essa vontade não é na moda da vez, mas na Palavra de Deus. É preciso ter muito cuidado com o culto falso, porque a Bíblia diz que Deus é amor (1 João 4:8), mas também é um fogo consumidor (Hebreus 12:29).
Deus abençoe e até a próxima!
Leituras sugeridas:
A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 1995, 7ª Impressão.
Campos Júnior, Amando a Deus no Mundo: Por uma cosmovisão reformada (Portuguese Edition) – Kindle.
Frame, A Doutrina da Vida Cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2013.
Horton, O Cristão e a Cultura. São Paulo: Cultura Cristã, 1998.
MacArthur, John F, A Essência da Verdadeira Adoração, São Paulo: Hagnos, 2018.