Apocalipse moderno: Nibiru está chegando?

Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.

1 Jo 2:18

O tema de hoje é, talvez, o mais catastrófico dos eventos apocalípticos dos últimos tempos: Niburu. Com a sua chegada diversos eventos são desencadeados: terremotos, tsunamis, vulcanismo, inversão de polos magnéticos e a extinção da vida como a conhecemos. Acho que nem o livro de Apocalipse, tomado literalmente (como algumas correntes escatológicas fazem) é tão bombástico como a chegada deste verdadeiro astro! Como o assunto conspiratório (sim! É uma “teoria” puramente conspiratória) é muito amplo, cheio de vertentes, darei um brevíssimo panorama do que sabemos e, claro, a desmitificação completa à luz da ciência e da teologia cristã.

Começando pela parte real da história. O termo Nibiru é real e, até onde pude pesquisar, está registrado na época dos assírios (povos que é mencionando no texto bíblico). Uma alusão muito famosa sobre eles e facilmente lembrada é no livro de Jonas, quando o profeta vai a cidade de Nínive, capital do império, depois de passar pela narrativa mitológica (detalhe: mito não é história inventada!) do grande peixe (assunto muito interessante para outra coluna).

Em verde o que foi o império assírio. Temporalmente, ele é anterior ao império babilônico, mas ainda está na região do crescente fértil (entre os rios Tigre e Eufrates) e entre os povos do Antigo Oriente Próximo (AOP).
Fonte: https://www.britannica.com/place/Nineveh-ancient-city-Iraq

O registro que encontrei, mais antigo, está no dicionário assírio do Oriental Institute of the University of Chicago. No volume 11, parte II, na pág. 145 (no final terá o link para você mesmo ler) há o verbete neberu e o terceiro significado é um dos nomes do planeta Júpiter (tradução livre).  Detalhando mais sobre esse significado é mencionado que Ni-bi-ru, estrela vermelha de Marduk, no céu, em direção ao sul, depois das estrelas (tradução livre). Em outras palavras, Nibiru, nessa mitologia assíria, é uma estrela vermelha do deus Marduk. Este deus aparece no poema épico mitológico babilônico, Enuma Elish, onde narra a criação do universo através de uma guerra entre a ordem e o caos (vide o texto Gn 1:2 em hebraico, tohu e wabohu). A batalha, dando um salto no poema, é entre Marduk e Tiamat (outra deusa da narrativa mítica babilônica) e esta é morta e despedaçada. De cada fatia do seu corpo (que dá uma ideia de serpente) é feita uma parte do mundo: seu sangue é misturado a terra e é feito o homem (observe a semelhança com Adão), sua calda é feita a Via Láctea (aquela faixa que observamos a noite), seus olhos formam os rios Tigre e Eufrates e por aí vai. Essa parte de mitologia é bastante extensa e ainda farei uma série sobre ela.

E onde está o apocalipse “nibiruático”? Essa estória alucinante começa na década de 1970 com Zecharia Sitchin. Parece que ele andou lendo muito sobre a mitologia babilônica (coisa muito boa e importante) e associou com um planeta que estaria vindo em nossa direção (coisa muito ruim de se fazer). Talvez a maior influência tenha sido de Erich von Däniken no fatídico livro Eram deuses os astronautas? onde propõe uma “teoria” sobre alienígenas que visitaram (ou ainda visitam) a Terra fazendo diversas relações: ajudando na construção das pirâmides egípcias, pousando em Nazca, visitando astecas, incas e maias e outras narrativas dignas de filmes de Hollywood.

A coisa parece um pouco bagunça? Sim, é isso mesmo: uma mistura completa de mitologias, associações acrobáticas de narrativas com doses erradas de observações. Lembrando que essas mitologias dos povos do AOP (babilônicos, assírios, sumérios, cananeus etc) são narrativas reais no sentido de que temos as tabuinhas de argila escritas em cuneiforme (talvez a primeira escrita humana, datada de mais de 4 mil a.C.), ou seja, esses mitos fizeram parte de povos antigos. E, para dar uma pitada a mais de “NASA esconde dados” há pesquisas astronômicas em busca de um hipotético planeta, chamado de X (ou darão algum outro nome quando / se descobrirem).

O sistema solar é composto por 8 planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Plutão, na classificação moderna da União Astronômica Internacional (instituição que dá nomes oficiais e outros detalhes para científicos astronômicos), não é planeta desde 2006, sendo classificado como planeta anão ou planetoide. Os detalhes técnicos não vem ao caso agora, mas uma das razões é que planeta deve ser o único objeto em sua órbita ao redor do Sol: Plutão compartilha de uma dança com Caronte (sua lua) na órbita, formando um sistema duplo. Ou seja, Plutão não é o objeto dominante, gravitacionalmente, no sistema duplo. Mais detalhes podem ser visto em outra coluna sobre o sistema solar. Em 2015 saíram várias pesquisas, com fontes observacionais, sobre o planeta nove ou planeta X (na época que ainda se tinha Plutão na família solar). Mas, até este momento, não foi encontrado este outro planeta.

Finalizando essa curta história: não existe Nibiru, com deuses, alienígenas ou qualquer coisa do tipo se aproximando de nós. Também, não haverá colisão com esse ou outro planeta com a Terra. Nessa série que estou escrevendo há diversos eventos catastróficos criados em profetadas malucas (pleonasmo intencional) que não tem base bíblica e muito menos, científica. No ano de 2020 (que é o momento que estou escrevendo este texto) está acontecendo diversos fenômenos, naturais e normais, mas que devido a pandemia da gripe chinesa está deixando nossas mentes mais abaladas e qualquer noticiário sobre estes fenômenos é causa de pânico. Por exemplo, há diversos asteroides e cometas que passam perto da Terra sem causar qualquer dano (mesmo se caísse aqui): já escrevi um texto desmistificando este ponto.

A estória de Nibiru, Hercólubus (outra maluquice inventada e colocada no imaginário recente sem qualquer relação literária com a realidade) ou de qualquer outro corpo que vai se chocar com a Terra, vai trazer os quatro cavaleiros do apocalipse, que vai destruir isso, aquilo etc é pura imaginação fértil de desocupados que leem muita coisa, absorvem muita informação sem ver a fonte e que associam com qualquer coisa que o cérebro, já enfraquecido, quer. Trazendo o apóstolo João em sua primeira carta, onde já se combatia esses tipos (e outros) besteiróis protognósticos:

Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai.

E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.

Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam.

1 Jo 2:24-26

Só isso?! Sim! Mas, ficou em dúvida, quer perguntar algo, deixar algum comentário ou sugerir algum tema, deixe abaixo! Ficarei feliz em te responder, seja nos comentários ou em algum artigo específico.

Sugestão de leitura

Dr. Alexandre Fernandes

Até a próxima!

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