Cosmologia: constelações

Conta o número das estrelas, chama-as a todas pelos seus nomes.

Salmos 147:4

A coluna de hoje se inicia junto com o novo ciclo do ano novo de 2021: cosmologia. Como já vimos na introdução desse assunto, cosmologia é a área da física que trata sobre a evolução do universo, desde os seus primeiros instantes mais próximos possíveis do seu nascimento até os dias atuais e o seu possível futuro (com várias possibilidades). Há diversas formas de se aprender cosmologia: historicamente, ir direto nas equações, fazer modelos a partir das observações atuais etc. Não seguirei uma ordem forma aqui no CosmoTeo principalmente porque aqui é um espaço mais de conversa e reflexão do que um formalismo físico. O que farei é apresentando os temas, sempre linkando o que já escrevi e que é preciso para entender algum tema ou série, deixando diversas sugestões de complemento (livros, artigos, podcasts e vídeos) e, principalmente, contato com você para dúvidas, críticas e sugestões.

Vamos começar com algo muito simples e que você mesmo pode observar a noite: constelações. Uma definição muito simples, mas sutil: é um conjunto de estrelas. Antigamente, os astrônomos nomeavam as constelações ou esses agrupamentos de estrelas de acordo com figuras de sua cultura. E aqui já está a sutileza: o agrupamento de estrelas é visual, ou seja, a partir do meu campo de vista. Isso não significa que as estrelas que estou observando estão no mesmo plano ou perto umas das outras; é apenas um fenômeno visual. Por exemplo, observe a Lua nascendo, no lado leste, e o Sol se pondo, no lado oeste: visualmente parece que os 2 astros estão no mesmo plano ou a mesma distância. Mas o Sol está a quase 150 milhões de km e a Lua, apenas quase 380 mil km.

Um outro detalhe é o nome das constelações. Aliás, o nome informal que se dá a objetos astronômicos: nem sempre é tão claro ou visual. Olhe a imagem abaixo:

Simulação pelo Stellarium, região de Brasília, direção noroeste, 01janeiro de 2021, 03:24.

Nessa imagem é possível ver as estrelas Pollux e Castor, ao redor (visualmente) está a constelação de Gêmeos. É meio complicado ver, assim, a constelação. Vamos melhorar com a figura abaixo:

Simulação pelo Stellarium, região de Brasília, direção noroeste, 01 de janeiro de 2021, 03:28.

Essas linhas que conectam as estrelas não existem fisicamente, são recursos didáticos há no software Stellarium. Melhorou um pouco, agora dá pra gente ter uma ideia de que parece 2 garotos juntos onde cada uma das estrelas principais, Pollux e Castor, simbolizam as cabeças. Mas, ainda há um recurso muito melhor no Stellarium:

Simulação pelo Stellarium, região de Brasília, direção noroeste, 01janeiro de 2021, 03:31.

“Agora até eu consigo decifrar as constelações!”. Pois é, ficaria perfeito se pudessemos observar o céu assim, com algum tipo de óculos especial (se bem que há apps para celular, Android e iOS, que você aponta o celular e ele imageia na tela). Só que a nomeação dessas galáxias vem de uma época que nem existia computadores ou celulares. E mais: as figuras (Gêmeos, Órion, Câncer, Sagitário etc) estão conectadas a mitologia e sempre há uma boa narrativa. Vamos usar a de Órion como exemplo.

Órion era filho de Netuno (também o nome de um planeta) e um grande caçador. Um dia, Órion morre devido a uma pancada no mar pela Diana, irmã do deus Apolo. Ela o leva até o céu, coloca-o entre as estrelas. As Plêiades, filhas de Atlas e ninfas Diana, fogem das contadas de Órion. Júpiter, outro deus, transformam-as em pombas e, depois, em estrelas.

Simulação pelo Stellarium, região de Brasília, direção noroeste, 04 de dezembro de 2020, 1:57.

Claro que tem muito mais detalhes nessa história de Órion e até deixo um livro na sugestão de leitura para ter um panorama melhor sobre mitologia. Observe como está à disposição das estrelas no céu:

Simulação pelo Stellarium, região de Brasília, direção leste, 03 de dezembro de 2020, 20:19.

Cão Maior (estrela principal: Sirius), sempre acompanhando Órion.

Este, está com seu cinto (as Três Marias: Mintaka, Alnilam e Alnitak) e no calcanhar do pé esquerdo, a estrela Rigel. Em seu ombro direito está Betelgeuse, uma estrela gigante vermelha que um dia morrerá em uma supernova, e no ombro esquerto está Bellatrix. As Plêiades estão na constelação de Touro:

Simulação pelo Stellarium, região de Brasília, direção noroeste, 05 de dezembro de 2020, 03:34

Uma imagem, já feita com telescópio, dá uma visão melhor de como é essa região:

E é bem visível as irmãs: Alcyone, Celaeno, Taygeta, Maia, Merope e Asterope. E um pouco atrás, seus pais: Atlas e Pleione. Electra também é filha de Atlas, mas a mitologia diz que ela deixou o seu lugar por não suportar ver as ruínas de Tróia: é que antigamente essa estrela não era visível a olho nu.

As constelações, com nomes e essas figuras, estão dentro de um campo de visão, ou seja, todas elas são visíveis a olho nu (claro que isso dependerá de onde você mora e da poluição luminosa), estão dentro da nossa galáxia e a uma distância pequena, astronomicamente falando. Por exemplo, as Plêiades estão a menos de 500 anos-luz de distância. Oficialmente, são reconhecidas 88 constelações, nem todas são visíveis no hemisfério sul e vice-versa. Uma lista completa pode ser vista aqui. Em resumo: constelações são agrupamentos visíveis de estrelas, onde damos nomes de acordo com nossa cultura ao ver imagens (uma pareidolia: ver figuras em objetos que cérebro interpreta). Os nomes na astronomia para estrelas, constelações, planetas, galáxias etc vem de forma convencional, da mitologia greco-romana. Ou seja, todos esses nomes tem uma história mitológica. As constelações serviram (e ainda servem) como referenciais para movimentação (navegação, por exemplo). E, além de tudo isso, são criações de Deus, ao contrário do que se acreditava no Antigo Oriente Próximo.

Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o seu nome.

Jeremias 31:35

Só isso?! Sim! Mas, ficou em dúvida, quer perguntar algo, deixar algum comentário ou sugerir algum tema, deixe abaixo! Ficarei feliz em te responder, seja nos comentários ou em algum artigo específico.

Sugestão de leitura

  • Para as simulações astronômicas tenho em mãos o software Stellarium na versão 0.20.3, que pode ser adquirido gratuitamente aqui https://stellarium.org/pt/;
  • Livro O livro de outro da mitologia: história de deuses e heróis, por Thomas Bulfinch, editora Ediouro;
  • O melhor material, em português, no assunto entre ciência e fé cristã é o Dicionário de cristianismo e ciência, editora Thomas Nelson Brasil em parceria com a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência;
  • Livro Astronomia e astrofísica, por S. O. Kepler e Maria de Fátima Saraiva. Este livro é disponibilizado no próprio site dos autores, que são professores da UFRGS. É um excelente material de consulta: http://astro.if.ufrgs.br/livro.pdf.
Nebulosa de Órion, um berçário de estrelas que fica próximo, visualmente, as Três Marias.
Fonte: https://www.eso.org/public/brazil/images/eso1723a/
Dr. Alexandre Fernandes

Até a próxima!

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