Apocalipse moderno: a Terra está derretendo?

Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.

2 Pedro 3:10

“A chapa tá esquentando” é uma expressão para dizer que as coisas estão com muitos problemas. No caso da Terra, que é redonda e não plana, a frase se encaixa muito bem. Nos últimos anos temos acompanhado e sentido na pele efeitos climáticos diversos (extremos de calor e frio). Acompanhando esse noticiário apocalíptico os vulcões estão aparecendo como atores em uma peça de tragédia onde o fim não é nada bom. Mas, eles têm essa máscara apenas como representativa, e não como atuação real e explosiva. Hoje, a coluna delineará de uma forma mais específica em vulcanismo dado o noticiário das últimas semanas.

Estamos dentro da série Apocalipse Moderno com uma continuação, mais direta, do texto Abalando O Fim Do Mundo. Nesse texto apresentei alguns pontos sobre o movimento das placas tectônicas, terremotos, maremotos e um pouquinho sobre vulcanismo. Inclusive, deixei algumas imagens esquemáticas de funcionamento dos vulcões, como a abaixo:

Fonte: vide aqui

Suscintamente, um vulcão é como se fosse um buraco na crosta terrestre por onde sai material (rochas) com alta temperatura. O interior da Terra é caracterizado por algumas divisões (camadas) onde cada uma tem características próprias (composição). O material é constituído, basicamente, de elementos químicos em alta temperatura e pressão, como ferro, silício, alumínio etc. Como sabemos, a superfície está “solta” em cascas, como se um grande ovo com a superfície quebradiça. Mas, além dessas placas tectônicas em movimento, há nessas fissuras espaços para ejeção do material que está abaixo da crosta terrestre. Uma outra imagem para simplificar essa explicação::

A origem dos vulcões é a mesma da Terra: o nosso planeta começa a se formar através de aglutinação de material. Devido aos choques (bombardeio de asteroides e cometas no início) e ao decaimento de elementos químicos (emissão de radiação e muito calor), o início da nossa bola azul começa extremamente quente e, com o passar do tempo, vai se esfriando de fora para dentro. A primeira camada a se esfriar e se solidificar é a que pisamos (crosta terrestre = chão). Mesmo com o passar de 4,565 bilhões de anos, o planeta não se esfriou completamente: por isso a existência do manto e do núcleo da Terra.

Observe que temos mais de 4,5 bilhões de anos de convivência com os vulcões. Na realidade, o ser humano (Homo sapiens), que tem aproximadamente 300 mil anos de existência, sempre coexistiu com as chaminés da Terra. Mas até hoje, mais de 12 mil anos de convivência em grupo organizado (como civilização ou algo semelhante) os eventos de vulcanismo nos surpreendem. Particularmente, desconheço citação direta de vulcanismo no texto bíblico ou em literatura muito antiga (antes de Cristo). Puxando pela memória e pelo pouco conhecimento que tenho, acredito que o registro mais antigo de vulcanismo seja o Vesúvio, perto da cidade de Nápoles (Itália), que entrou em erupção no ano 79 d.C. Na ocasião, a cidade de Pompéia foi soterrada e, apenas no séc. XVII é que foi reencontrada.

Por outro lado, pesquisando um pouco mais sobre vulcanismo, encontrei que houve uma grande erupção na região da Grécia (antiga ilha de Santorini) por volta do II milênio a.C. Mas, parece que não houve vítima humana. Há algumas interpretações em algumas civilizações que indicam que essa erupção foi documentada (posteriormente) como ação de deuses. Até a ideia antiga de Atlântida, mencionada por Platão, pode ter sido esse evento vulcânico (vide aqui e aqui). Como você já conhece da série As Origens, para vários povos tudo é ação de deuses ou objetos / fenômenos são os próprios deuses.

Voltando para nossa época, conhecer e prever fenômenos vulcânicos são extremamente importantes para a conjuntura social e econômica. Imagine uma erupção violenta em uma ilha que tem turismo: caso não seja previamente entendido as perdas podem ser incalculáveis. E foi exatamente isso que aconteceu. No momento que escrevo este texto está em curso um derrame de larva do vulcão Cumbre Vieja na região de ilhas Canárias, próximo a Espanha.

Fluxo de larva que saiu do vulcão Cumbre Vieja no dia 26 de setembro de 2021. Em pouco tempo depois, a larva atingiria o oceano.
Fonte: https://earthobservatory.nasa.gov/images/148880/lava-burns-a-path-through-la-palma

O que mais chamou a atenção desse fenômeno recente é a possibilidade remota de tsunami na costa brasileira. A mídia fez um verdadeiro clickbait (notícias com título sensacionalista), como nos dias 16 e 17 de setembro de 2021. A ideia é que uma grande quantidade de derrame de material do morro que compõe o vulcão caindo no oceano provocaria um deslocamento de água e que aumentaria as ondas (ou até um arrasto), algo análogo ao tsunami que “lavou” a região da Ásia em 2004. Só que a possibilidade disso acontecer era muito pequena e, o que realmente aconteceu foi um derrame “normal” de larva no mar, sem provocar tsunami no Brasil.

O imaginário atual de desastres, da pandemia da gripe chinesa que começou em 2019, de terremotos e de asteroides passando “perto” da Terra alimentam uma ânsia de colocar fim em tudo. Por exemplo, na coluna onde comentei sobre o eclipse solar de 26 de maio de 2021 mostrei alguns pontos que os povos antigos interpretavam como o fim dos tempos. Hoje, com a informação sendo transmitida online para todas as regiões do planeta, uma observação simples do céu ou um tremor mais forte na superfície da Terra é quase um início de um apocalipse.

Em resumo: apesar das várias notícias, normais e constantes, sobre vulcanismos não estamos vivendo o fim do mundo. “A chapa tá esquentando”, há problemas globais com relação a clima, há problemas políticos, sociais e econômicos quase sem fim e, claro, há um pouco de falta de conhecimento científico (em pleno desenvolvimento) sobre fenômenos (como terremoto e vulcanismo) que não dominamos. Só que nada disso, mesmo que em conjunto, não configura fim do mundo. Olhando para o nosso contexto cristão sabemos perfeitamente que não cai uma folha de uma árvore ou um asteroide passando “perto” da Terra sem a direção explicita de Deus, o Criador de tudo.

Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?

2 Pedro 3:12

Ficou em dúvida, quer perguntar algo ou fazer alguma crítica / sugestão? Deixe nos comentários abaixo e terei o prazer em te responder aqui ou em algum artigo específico.

Sugestão de leitura

  • O melhor material, em português, no assunto entre ciência e fé cristã é o Dicionário de cristianismo e ciência, editora Thomas Nelson Brasil em parceria com a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência;
  • Veja o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=irktPqL4PBA no SpaceToday onde há muitas informações atualizadas sobre vulcões ativos;
  • No site https://www.volcanodiscovery.com/erupting_volcanoes.html você pode ver onde há erupção vulcânica no mundo e diversas outras informações, como terremotos e geologia;
  • No site da ABC² há muito material (artigos e vídeos no YouTube) sobre o relacionamento entre ciência e fé cristã: http://cristaosnaciencia.org.br/.
Vulcão Olympus Mons, em Marte. É o maior vulcão do sistema solar: tem 22 km de altura (o monte Everest não chega a 9 km de altura).
Fonte: https://nssdc.gsfc.nasa.gov/photo_gallery/photogallery-mars.html#features
Dr. Alexandre Fernandes

Até a próxima!

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